terça-feira, 28 de setembro de 2021

Arlete

Dá um desconto aí Desconta a solidão O abandono E as portas fechadas na cara O não cabimento O não pertencimento O não ser de ninguém Quando ninguém fotografava Dá um desconto aí Do sobrenome que todo mundo tem Do "essa aí vai dar em nada Ou vai dar pra todo mundo" Da promissória que ninguém quer assinar Da esperança num futuro que nunca foi garantido Ou melhor: dá desconto não Cobra tudo! Houve anjos nas rodoviárias vazias na madrugada Houve mães nas mães das crianças bem nascidas Houve madrinhas e apostas de desconhecidos E o que eu não tive, aparentemente E graças a Deus Foi o que eu não precisava Pra chegar onde cheguei Chegar em mim Arlete Franco Setembro/2021 Foto: Pinterest

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