domingo, 23 de julho de 2017

Despedida

"Deu certo" quando o desejo coincidiu. Quando a fantasia foi aparentemente confirmada. Quando os dois acharam que queriam a mesma coisa.
"Deu certo" quando se dividiu a cama, o riso, os segredos íntimos, a parte da alma que se desnudou. A porção de pele que pouca gente vê e foi exposta, por vontade própria.
Quando se deixou invadir sem ofensa, inundar, mesmo com medo de afogamento, levar sem saber aonde.
"Deu certo" quando causou saudade, quando deixou boas lembranças, quando houve troca de carinho. Mesmo que pagando um preço alto depois.
Pode ter dado certo por décadas, anos, meses, ou uma manhã. Não importa. Deu certo. Ai do infeliz que quer negar. Contradizer os sentimentos. Passar borracha justamente na parte boa.
E não é porque "deixou de dar certo" que não existiu. Apenas foi de acordo com a vida e a natureza: essa eterna transformação em que não existem garantias. Há apenas o presente, e o que está acontecendo, na sua percepção da realidade.

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