terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

Estranhamento

O barro de que fui feita
Tinha cinco tipos diferentes de argila
Um pózinho de ouro
E um analgésico intrínseco

Olho os ossos friáveis do meu pai
Que só existem sob olhares de plateia
E penso que não tem como
Eu ter saído dessa costela

Vejo o caos organizado da minha mãe
Planetas desalinhados e estrelas explodindo
E percebo que essa via láctea
Não foi de onde acabei me nutrindo

Observo meus irmãos e seus quereres
Tantas decisões, tão diferentes
Nossas hélices nem tão distantes
Nossos céus tão divergentes

Concluo que fizemos nossa história
Convivemos, aprendemos, adquirimos memória
Mas pertencimento é sentimento interno
E a gente vive é o agora

Nenhum comentário:

Postar um comentário