segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Gostos

Tem gente que gosta da novidade. O diferente, o friozinho na barriga, o jogo da sedução. A fantasia, o término antes de constatar se era ou não o que se pensava. Os números, o afago no ego de ter um título: "conquistador(a)". A dúvida do que a próxima esquina reserva. A expectativa do pescador: cai na rede ou não?
E tem gente que gosta de história. Descobrir o outro camada a camada, repensar o investimento a cada fase superada juntos. Fazer time. Aparar arestas. Investir. Persistir. Gravar em pedra, escrever na areia, separar o que se faz em um e o que se faz em outro.
Às vezes, a gente se reveza agindo como um ou outro tipo.
Existem épocas em que o aspecto amoroso (romântico) fica em segundo plano, porque as prioridades são outras. Nessas, é bom ter do que se lembrar. Melhor ainda é reencontrar ex-amor e lembrar por que se apaixonou pela pessoa. Pensar que faz todo sentido do mundo, que se apaixonaria de novo. Ou trocar palavras com alguém, e dizerem, quase ao mesmo tempo: "eu faria tudo de novo".
E, apesar dessa rapidez de contatos que a tecnologia nos proporciona, os criadores de história, apreciadores delas, sempre existirão. São os que não se contentam com os sons. Querem ecos. Não se contentam com a presença, querem os sonhos. Não se contentam com os orgasmos. Querem a conexão. Não se contentam com o amor. Querem a poesia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário