segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Chanty

Eu embrulhava o bicho numa toalha, um calor que fazia, mas precisava submetê-lo. Ele pegaria a pouca força que tinha para me arranhar, se pudesse.
Enfiava o comprimido no fundo da garganta dele, rezando para eu não pegar uma doença estranha de gato, e colocava a seringa com água de côco pra ajudar a descer.
Engolir parecia ser doloroso. Mais doloroso era ver algo que eu amava, queria íntegro e saudável definhar a cada dia. O enfraquecimento, o emagrecimento. Algo belo sumindo aos pouquinhos. Saber que se o momento de desistir chegasse, a decisão seria minha.
Foi assim com o nosso amor. A diferença é que o gato sobreviveu.

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