terça-feira, 2 de junho de 2015

Mulherão número 5

Eu não me importava
Em segui-la
Por onde quer que fosse
Como faziam seus poodles

Estava no seu calcanhar
Quando ela ía
Ao supermercado
Da sala para a cozinha
Ou da casa para a piscina

Porque quando
Ela me pegava no colo
Era carinho de quase mãe
E eu só faltava ronronar
Ou latir de alegria

Às vezes ela me jogava
Uma bolinha
(Talvez para me distrair
E eu sair do seu pé?)
Risos
Eram livros e mais livros
Biografias de mulheres fortes
Do tipo que ela admirava
E no qual provavelmente
Queria que eu me tornasse

Cultivou-me como
A uma plantinha
A filha que não teve
Extendeu o amor
Que tem à minha mãe
Para multiplicar-se
Em benfeitoria para mim

Me pagou o curso de inglês
Me ajudou num momento difícil
E salvou a vida da amiga de infância

E eu admiro tudo nela
A voz e o sotaque
O jeito de amar a família
A dedicação aos homens de sua vida
A relação com a mãe
A sobriedade com que analisa o mundo
A serenidade frente
Aos problemas mais difíceis

E sua opinião será sempre
Bem-vinda e ouvida
Sobre vaidade, profissão,
Amizade, amor, o que for

Faz corrente de oração
Por mim e meus filhos até hoje
E é um anjo em minha vida

Pouca gente tem madrinha
Que merece tanto o título
Quanto a minha:
Alma amorosa
Cuja capacidade de doação
Só pode ser dádiva divina
Te amo, Márcia Martins

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