terça-feira, 30 de junho de 2015

Correnteza

Nunca foi a minha intenção
Molhar minhas roupas e cabelo
Perder o norte
Perder o rumo
Perder você

Cheguei com muito cuidado
Para molhar os pés
Era quente o dia
Me sentia derreter
Nada mais justo
Nada mais puro
Nada mais burro

Escorreguei na pedra
A correnteza me agarrou
Mais rápido
Mais forte
Mais tontura
Mais medo

E o mundo girou
A respiração foi presa
Em reflexo de tentativa
De sobreviver
À cascata
Às pedras
À velocidade
Ao caos

E lá embaixo
A parede fria
Acima da minha cabeça
Crescendo rapidamente
O muro incalculável
Que me pesa por cima
A escuridão chegando por baixo
A entrega ao inevitável
A desistência
A desesperança
O fim

Procuro por oxigênio
Na sua boca
Onde está sua mão
Que não me massageia o peito
Cadê você
Que tanta promessa
Tinha nos olhos
Traga-me de volta à vida
Salva-me, doutor

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