segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Fast Food

Ela já tinha terminado de atendê-lo, e olhava para a frente, aproveitando os minutos de trégua, os pés já inchados dentro dos sapatos.
- Calor, hein? - disse ele, enquanto esperava a comida, ao lado, como ela orientara.
Ela deu um sorriso amarelo. Sentia-se um pouco prostituída por ter que fazer aquilo quando não queria, por dinheiro.
- Ainda bem que tem ar-condicionado, né?
- Pois é. Mudei pra cá recentemente, depois de casar. Lá de onde venho, não era tão quente.
Ela acenou que sim com a cabeça. Olhou para a frente de novo.
- Faz tempo que você trabalha aqui?
- Um pouco.
Ele aguardou mais uns minutos e insistiu:
- Se a minha mulher souber que eu estou aqui, ela me mata!
A vontade dela foi gritar: "Cara, você tem uma aliança na mão esquerda, já percebi que é casado!".
Mas continuou com o sorrisinho.
A bandeja foi entregue, ele agradeceu as duas moças e emendou, para ela:
- Lindinha, você...
Ela resolveu dar um tempo. Foi até a moça que fritava as batatas, olharam para os lados e trocaram um selinho. A outra apertou seu cotovelo esquerdo, o código para "fique firme, temos planos".
Não aguentavam mais servir sanduíches para executivos entediados.

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