E o poeta desdobrava-se em palavras
E serenatas sem fim
Debulhava-se, esbugalhava-se
Exprimia-se e espremia-se
Neuzinha sorria
E se envaidecia
Mas ele exagerava
E ela não entendia
Numa noite que soava
Particularmente solene
Ele suava frio e quase chorava
Ela observava e piscava
Interrompeu-o
"Mas, homem, explique-se!"
Após umas quinze frases mais
Percebendo não ser entendido:
"Ó razão de meu viver
Quero te pedir garantias
De que serás sempre
Sempre, sempre só minha..."
Neuzinha gargalhou
E respondeu com sinceridade
Nada poética:
"Fique frio, homem,
Não te botarei corno, não!"
(Casaram-se em dois anos, porque ela cozinhava muito bem).
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