sábado, 28 de maio de 2016

Acostamento

Minha última experiência com homens

Tenho um otimismo que às vezes me prejudica. Daquele tipo que a luz da gasolina acende e palpita: "dá pra chegar e voltar!" Hoje, não deu. Até que tive sorte. Primeira (e espero que última) vez em 27 anos dirigindo.
Mas então aconteceu: eu no meio de uma estrada, sem sinal de celular e sem gasolina. Voltando de um sítio de amigos, com quem tomei café-da-manhã.
Logo parou um caminhoneiro. Um menino de uns vinte anos, que constatou que era falta de gasolina, mesmo, e me emprestou o celular para eu acionar o seguro. Seguiu adiante, porque estava bem perto do destino. Ria tímido, meio tirando sarro da minha enrascada.
Nisso, meus amigos receberam a minha mensagem e começaram a rodar perto do sítio, mas não conseguiam fazer contato.
Comecei a andar pelo acostamento para achar sinal do celular. Parou um carro lotado. Três gerações. Vô, pai, e tio do Luiz Augusto, um menino de três anos de cachos dourados quase brancos. Estavam indo buscar carne e trariam a minha gasolina em vinte minutos. E trouxeram, sorridentes, e pediram que eu rezasse por eles.
Cancelei o guincho, agradeci e pedi desculpas pros meus amigos e cheguei num posto de gasolina.
Resumindo: ainda existem homens cuidadores. Paternais. Que olham para mulheres como seres que precisam ser protegidos de situações de perigo e inclusive de outros homens. Não sei se, se eu fosse um marmanjo barbado de 1,85 m de altura andando no acostamento, eles teriam parado pra ajudar.
Sei que a gente tende a gravar no coração as más notícias e experiências. A tomada que deu choque a gente nunca esquece.
Mas eu ainda ponho fé na humanidade e nos homens. Esses, dos quais eu gosto tanto, e pelos quais tenho admiração e gratidão. Ainda que não seja por todos, e talvez nem a maioria. O mesmo para mulheres.

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