sexta-feira, 29 de abril de 2016

Despedida

"Não chora..." - disse ela. "Poderia ter sido pior."
Seguiu: "Eu poderia ter estacionado mais longe todas as manhãs, para passar na frente do seu trabalho. E ter fantasiado que você estava no lobby de propósito para me ver. Que sabia dos meus horários.
Eu poderia ter vivido as minhas histórias tolas duas vezes. Uma quando acontecessem, outra quando as contasse para você. E poderia ter esperado ansiosamente para ser ouvida e saber a sua opinião.
Você poderia me contar filmes para me dar lição de moral, enquanto eu beijava qualquer parte do corpo sua que eu alcançasse.
Eu poderia ter contado várias piadas e ter sido gravada sem querer, rindo.
Você poderia ter lembrado de mim toda vez que visse filhotes de gato e comesse queijadinha.
Você poderia ter babado cada vez que, em público, eu tivesse prendido o meu cabelo, pra provocá-lo. Você poderia ter sentido ciúmes.
Poderia ter sido pior.
Nós poderíamos ter quisto a presença um do outro nos momentos felizes. E principalmente nos tristes. E carregado um aao outro na mente quando os fogos de artifício anunciavam o Ano Novo que me levaria para longe.
Nós poderíamos, realmente, ter amado um ao outro."
Naquele momento ele percebeu que nem mil anos seriam capazes de fazer esquecê-la.

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