terça-feira, 19 de abril de 2016

Trilha Sonora

Ele podia ser bom em várias coisas... Pausa. Reescrevo.
Ele era definitivamente bom em várias coisas, mas em previsão, com certeza, não.
Projetou para o (então) futuro um sofrimento que não houve. E uma amizade que provavelmente também não vai acontecer.
Talvez por me conhecer pouco como pessoa, e ser inocente a respeito da minha religião, a "docontraísmo", chutou: "Quando você ouvir essa música, vai lembrar de mim." E riu. Claramente se divertia. E facilmente, também.
Nem sei que música era. Provavelmente, nem ele. Audição era o sentido menos funcionante em mim, naquele momento.
Mas eu me lembro de uma música que ele tentou cantar, num inglês ruim de dar dó, salva apenas por ele ser afinado. E da música que cantou enquanto tomava banho, se recuperando do pilequinho do churrasco. Eu olhando para o teto, sorrindo e pensando em como ele se distraía facilmente. Como ficava à vontade, como se ninguém estivesse ouvindo.
Mas a "nossa música", na minha cabeça e coração, é provavelmente desconhecida para ele. Ouvi na ida e volta da viagem de 250 km que fiz para estarmos juntos e descrevia bem a situação.
Porque mesmo as coisas vividas a dois são experiências individuais e únicas. E a memória afetiva a gente só verifica após um longo, longo caminho percorrido.

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