quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Último dia do ano, primeira postagem do blog

Não entendo muito de horóscopo chinês, mas ouvi dizer que 2014 foi o Ano do Cavalo. (Nem sei se deveria ter colocado em letras maiúsculas, mas já foi). Que o Ano do Cavalo geralmente é um ano difícil, cheio de mudanças drásticas, transformações... Não decepcionou! Claro, todos os anos têm as suas chacoalhadas, seu drama em quantidade variável, sua retrospectiva de final de ano cheia de assassinatos, enchentes, crises, guerras, etc, o que, às vezes, nos faz perguntar se na verdade não estamos assistindo a mesma retrospectiva do ano anterior, com mudança apenas dos nomes das pessoas e lugares. E são essa coisas que são mostradas na TV, porque, obviamente, o ser humano adora o drama (principalmente o dos outros, de preferência que não sejam fisicamente parecidos com ele) e é o que dá audiência, mesmo. Faça-se um programa só com as boas notícias, e todo mundo vai estar ou dormindo, ou desconfiado de que é tudo mentira, uma propaganda para alguém se dar bem. Talvez o partido político da situação. Mas da desgraça, ninguém duvida! E ainda sai espalhando, comentando. "Porque a gente está aqui é mesmo para sofrer, para merecer ir pro Céu." Enfim...
Mas, neste ano, realmente, houve muita coisa palpavelmente diferente, para as pessoas mais próximas a mim. Por motivos óbvios, não vou citar o que aconteceu com quem. Porém, contabilizou-se vários divórcios (inclusive o meu), gravidezes, funerais, formaturas, desempregos, admissões, términos de romances, descobertas de infidelidades, nascimentos de bebês, casamentos, diagnósticos graves, livramentos, e a lista não tem fim... Realmente um ano do ca...valo!
E então, no começo dele, eu andava distraída, com o monte de tempo livre que o divórcio me deu. Um bônus inesperado: a liberdade de trocar atenção com quem você quer, na quantidade que os dois quiserem, sem aquele medinho de se apaixonar por outro e acabar traindo o homem da sua vida. Ou fazê-lo passar por corno. Você começa a interagir, através de diversos meios, pelos mais variados motivos, termos e palavras, e não tem que dar satisfação prá ninguém. Pode ser amizade, interesse sexual da parte de um, ou dos dois, pode ser parente, homem, mulher, criança, adolescente... Também se pode tomar café, sorvete ou banho com quem for, e ninguém tem nada a ver com isso. Enorme vantagem! Não seria motivo suficiente para eu me decidir pelo divórcio, obviamente, mas faz parte do pacote, e é muito bom... mesmo...
Nessa distração, eu conheci alguém criativo. Muito. Criativo. Interagir com ele, desde o começo, foi excelente! Eram conversas rápidas, dinâmicas, a gente viajava nas possibilidades, surpreendia um ao outro com a próxima fala/escrita. "Eu te desejo isso", "pois tomara que então te aconteça aquilo"... E a gente ria. "Então te proponho isso", "então pode contar com aquilo outro". Mais risos. Não estou falando de sexo, se algum assanhadinho já enveredou por aí. Vários assuntos. Estorinhas, bobagens absurdas, sem medo de ser feliz! Claro, também havia as conversas comuns, descrições do que se havia feito, de como as coisas estavam andando. Mas sempre divertido, inusitado, colorido, intenso, vivo! Como aquele filme, "A Vida de Pi"! Começou num contexto sério, não havia por que ter se desenrolado desse jeito. Mas a gente clicou, se fez bem, não teve medo de ser julgado, liberou a criancice, sei lá! Quando essa amizade virtual/real acabou, infelizmente, senti muita falta de tudo isso, e comecei a me questionar o porquê. Tinha sido muito breve, sem contato físico, sem ao menos nos conhecermos direito, por que tinha sido tão prazeroso? E o principal motivo, concluí, foi exatamente esse exercício que fizemos: de sair da realidade, nos rebelarmos contra a rotina, as tarefas diárias, e estar longe dali, em pensamento, com a ajuda um do outro, em horas às vezes inadequadas, em que não deveríamos estar criando e/ou rindo igual a dois retardados.
Foi um encontro muito feliz para mim. Fui lembrada de um lado meu que estava adormecido. Em coma, na verdade. Interessante como algumas pessoas tocam a vida da gente sem ter que se esforçar, e sem noção do que estão fazendo. A pessoa certa, na hora certa, o estímulo certo e o tom certo de azul dos olhos.
A minha maneira de expressão é através da escrita. Como médica, uso as palavras para me comunicar, já escrevi trabalhos científicos e capítulo de livro, mas a Medicina não é essencialmente uma ciência criativa. O médico precisa ter conhecimento, saber aplicá-lo, mas de uma maneira geral, as respostas estão prontas, as soluções não demandam criatividade. A não ser, talvez, para cirurgiões, mas não é o meu caso.
Comecei a escrever pequenos textos no facebook, e foi sugerido que eu escrevesse um blog. Então, aqui está. Um espaço para eu me transbordar, para colocar todas essas ideias que me chegam, de vez em sempre. Tudo o que me ocupa e me dá prazer em pensar. Ou melhor, gera uma emoção. Nem sempre prazerosa. Mas que precisa ser expressa. Terapêutico, talvez? Sem grandes pretensões. Sem finalidade nenhuma que não seja distrair a mim mesma, e a quem tiver vontade de ler o que passa na minha cabeça. Sem compromisso com a verdade, tudo ficção, com umas pitadinhas de vivência minha e de outros, aqui e ali. Não quero ofender ninguém, ou comprometer, então, por favor, sem melindres. Aquela história de "terá sido mera coincidência", etc. E sempre há a opção de deixar de ler, para quem se aborrecer...
Feliz 2015 a todos nós! Que o barulho do galope do cavalo vá se afastando, e que o próximo bicho (que ainda não sei qual é, vou procurar no google) seja menos selvagem... Beijos!

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