quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Beija-flor

Por que olhou prá mim, passarinho?
Não sabia que, na sua dança, poderia me machucar?
"Desculpa, querida, não pude evitar.
Porque é da minha natureza escolher, e da sua, aceitar."
E por que se exibiu, amiguinho?
Não previu que ía me encantar?
"Desculpa, minha linda, não soube me afastar.
Porque é da minha natureza pairar, e da sua, ansiar."
Por que bebeu do meu néctar, beija-flor?
Quem disse que eu queria participar?
"Desculpa, coração, a você, não pude ignorar.
Porque é da minha natureza tomar, e da sua, se doar."
E por que fica tão pouco, meu amor?
Não sabe a saudade que me dá?
"Desculpa, paixão, nunca vou me demorar.
Porque é da minha natureza desaparecer, e da sua, ficar."
E por que volta, depois de tantas outras provar?
Não sabe a dor que o ciúmes pode me causar?
"Também contra isso não posso lutar.
Porque é da minha natureza buscar, e da sua, não me negar."
E por que não me vigia, bebê?
Não sabe que outros vêm me procurar?
"Essa necessidade, não tenho. Porque é da minha natureza dividir, e da sua, se enciumar."
E se um dia isso tudo acabar?
"A isso, não posso responder. Porque é da minha natureza trabalhar, e da sua, se encantar."
E por que não pode me amar?
"Porque não sei fingir. É da minha natureza me equilibrar, e da sua, balançar.
Desculpa se a magoei, linda flor.
Não era minha intenção fazer você se apegar.
Mas é da minha natureza obedecer, e, da sua, questionar."

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