sábado, 18 de julho de 2015

Viuvez

Na alma as asas de pássaro
Abrem-se em vão
No ouvido a voz do amado
Chama-a do além

A lágrima cai devagar
E silenciosa
O sentimento de dúvida
A assola

Se ao menos
Ela tivesse a certeza absoluta
Da existência dele
E não apenas da saudade

Que a beija
Todas as manhãs
E a embala no sono
Nas noites frias
E intermináveis

No tornozelo
A bola de ferro
Um, dois, três quilos
"Termina o que começamos"
Manda ele muito ajuizado
E autoritário

"É fácil prá você"
Responde ela com raiva
"Porque a dor
É toda minha
Porque o sonho
Foi todo meu
Porque a paz
Já chegou prá você
E está por isso
Tão longe de mim"

2 comentários:

  1. Sobre isso, eu escrevi este poema:
    SUSPIRO
    que raiva
    eu fiquei
    quando você
    tirou você
    de mim
    mas hoje
    resigno-me
    em saber
    que o contrário
    teria sido pior
    para mim
    [ou para você]
    enfim,
    como saber?
    virginia finzetto

    adorei o seu poema, Arlete. beijos

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