terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Amor Maior que Tudo

Nem preciso dizer que vou falar dos filhos, né?
Nunca esperei gostar tanto de ser mãe. Eu quis muito ter uma família, depois que me formei, e me empenhei em achar alguém legal que também quisesse. Que tivesse mais ou menos os mesmos valores que eu, que pudesse, enfim, formar um time comigo e colocar umas pessoinhas no mundo, prá gente cuidar. A cena do comercial de margarina. Achado o cara, fizemos dois de propósito e... opa! Mais uma! Felicidade geral!
Obviamente, durante a gravidez do primeiro, enquanto eu ainda tinha tempo em abundância para isso, li tudo o que pude a respeito do assunto - o que não corresponde a um milésimo do que se pode e precisa saber. A definição mais divertida e verdadeira que eu encontrei foi mais ou menos assim: "criar um filho é colocar na terra sementes de um saquinho sem a fotografia do que vai nascer". Muito certo, isso!
Há alguns clichês que não funcionam, porém. Sempre ouvi dizer que o filho do meio é o mais negligenciado. Não na minha família. O primeiro, um menino, é três anos e meio mais velho que o segundo, que é um ano e meio mais velho que a caçula. Esse "loiriquinho" se deu foi bem: toda vez que eu abraçava o mais velho, ele também pedia abraço. Toda vez que eu abraçava a mais nova, lá vinha ele pro abraço! Já o mais velho e a caçula não prestam muita atenção um no outro, inclusive hoje em dia. O do meio brinca com o mais velho quando é "jogo de homem", como bola e videogame, e brinca com a mais nova, quando são jogos para os quais o outro já é muito maduro. A cumplicidade dele com os outros dois é impressionante. Um tipo de amizade diferente com cada um.
O amor da gente, como mãe, acomoda qualquer tipo e (acredito) número de filhos. Como tenho três, acho família de dois filhos minúscula. Se tivesse quatro, provavelmente acharia três uma mixaria, e assim por diante.
Cada fase é um prazer e uma preocupação. Quando são bebês, o trabalho braçal é árduo, e ficar sem dormir direito pode ser excruciante, conforme a mulher. Eles também pegam bastante doencinha, e a gente é muito insegura. Esquece ser médica nessa hora. Se bobear é até pior, por excesso de conhecimento, do que pode complicar o quadro, por exemplo. No primeiro, a gente se pergunta se não precisaria esterilizar a água do banho. No segundo, já é bem mais tranquilo. A gente não põe no peito assim que chora. Ele que espere dar duas horas de intervalo! O terceiro é um passeio pelo parque! Ou pelo menos a minha foi, porque era muito tranquila. Às vezes, eu olhava assustada para trás, procurando-a na cadeirinha do carro, porque ela era tão quietinha, que eu achava que a tinha esquecido em algum lugar. Ela só me olhava e sorria atrás da chupeta.
Nunca esqueci filho em lugar nenhum. Mas levei o segundo para a escolinha sem sapato (ele entrou sozinho no carro eu não percebi). Uma vez o mais velho virou o carrinho do supermercado com o segundo no lugar de criança (sorte que o cinto estava bem preso). E uma vez, aos sete meses, a nenê rolou da cama e bateu o nariz, o que me causou o pior sentimento de culpa da minha vida.
Agora, na pré-adolescência e adolescência, a preocupação é outra. Orientar, vigiar, participar, ser motorista, impor limites e ver, afinal de contas, que tipo de plantinhas eles são. Procurar ajuda profissional, quando necessário. Médicos, psicólogos, orientadores educacionais, professores e até a motorista da van dão uma mão. Sem falar nos amadores experts, como avós, tios e amigos que se interessam pelos filhos da gente.
Nos Estados Unidos, eles dizem que é necessário um vilarejo para criar uma criança, e também acho essa uma grande verdade. Quando a gente gosta de alguém que também é mãe, esse amor, via de regra, se estende para os filhos dela, e a gente torce para que se tornem pessoas legais, da mesma forma que deseja para os nossos. Então, se for pedida uma opinião a respeito, darei com a melhor das intenções, e, não estando os pais por perto, o instinto acaba mandando vigiar e não deixar que nada ruim aconteça, até os pais chegarem.
Não vou começar a escrever aqui o porquê de gostar tanto de ser mãe, porque não vai caber, e provavelmente será um clichê atrás do outro. Mas, só prá resumir: o crescimento esiritual, a multiplicação da capacidade de amar que ocorre a uma pessoa quando ela dá a luz é algo que só vivendo para sentir. A sua vida não gira mais em torno de si mesmo. Suas prioridades todas mudam. Sua tolerância, seus medos, como você administra o seu tempo, suas finanças, tudo é alterado por aquele serzinho. Pelo menos no início da vida deles, o seu poder de fazê-los felizes é muito grande. Sentar no chão prá brincar com eles é celebrado como se você fosse uma rainha visitando os súditos! Além das gracinhas fora de hora, declarações de amor, piadas...
Existe o outro lado: aborrecimentos, confrontos, preocupações, doenças, etc, que não chegam a ofuscar o lado bom. Afinal de contas, são pessoas, que vieram de pessoas, não existe nem de perto qualquer expectativa de perfeição. Têm limites e defeitos, que a gente tolera e tenta ensinar como minimizar, e um a tolerar o outro, lidar com aquela característica indesejável.
Meus meninos me encantam todos os dias. São plantinhas lindas, flores e folhas desabrochando, que me dão muita alegria e orgulho. Expressam opiniões próprias, reagem de maneiras inesperadas, sentem e encaram algumas situações de formas que me deixam aliviada e surpresa. Uma aparadinha aqui, outra ali... E eu não posso fazer nada a não ser agradecer a Deus por esses três: inigualáveis, inconfundíveis, incomparáveis filhos maravilhosos!

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