sábado, 7 de fevereiro de 2015

Inocência

Adoro formaturas e casamentos. Não conheço ninguém que não goste, nem que seja só pela festa. No primeiro, existe a sensação de realização, batalha vencida, etapa encerrada. No segundo, pode existir tudo isso, dependendo dos envolvidos, mas celebra-se também o amor entre duas pessoas. Claro, falando de uma maneira geral. Existem, infelizmente, as exceções. Situação parecida é a descoberta da primeira gravidez, mas geralmente não tem festa oficial.
Nestes três casos, há uma coisa em comum que é essencial: a esperança. O recém-formado, o recém-casado, e a futura mamãe vêem as coisas de maneira romântica, sem muita certeza do que está por vir. Os mais velhos sabem mais, e devem ficar quietos, nesta hora.
É detestável a atitude de certas pessoas, amarguradas com a vida, que, com boa ou má intenção, tentam mostrar a realidade da vida, e acabam por estragar um pouco (ou muito) a alegria do momento.
Antes de me casar, houve dois homens que me disseram "não faça isso!", e me deixaram com muita raiva. Não é o que a gente quer escutar. Houve também dois casais que eram muito felizes, celebraram a decisão e me deixaram feliz, também. Se eu tivesse escutado os dois primeiros, teria perdido a chance de quinze anos maravilhosos na vida, e três filhos melhores ainda!
Quando entrei na faculdade, encontrei uma médica que me disse que se pudesse voltar atrás, não faria esse curso. Que detestava estar entre desconhecidos ee dizer que era médica. Também perdeu a chance de ficar quieta. Hoje em dia, eu não tenho problema nenhum em dizer para qualquer pessoa que sou médica, e, pelo contrário, tenho orgulho e não faria outrs coisa na vida. Claro, quando vejo o carimbo de um colega, com o número de inscrição do CRM (Conselho Regional de Medicina) muito mais alto que o meu, penso "Nossa, que bebê... ainda vai se decepcionar muito com a profissão..." Mas, se eu o encontrar pessoalmente, não vou ficar reclamando dela, contando todos os podres, todas as limitações sociais e econômicas. Deixa que descubra sozinho... Cada um tem a sua experiência, quem sabe a dele será melhor que a minha?
Conheci uma mulher que, grávida da primeira filha, caiu na besteira de conversar com a mulher errada, e chorou muito por isso. Infeliz por ser mãe, a outra lamentava ter abandonado (ainda que temporariamente) a carreira, e desembestou a falar de assadura de fralda, vacinas, noites sem dormir, mamilos rachados... Prá quê?! Um colega do meu ex, descontente com os filhos adolescentes, deu "meus pêsames" para ele, quando contou da minha gravidez. Fim da picada! O que se quer alcançar fazendo isso?
Não tire a inocência da pessoa! Não distribua amargura! A sua não vai diminuir, dando uma má opinião para quem está para começar um caminho, que pode vir a ser bem melhor administrado que o seu!
A pessoa que está se formando tem mais é que achar que vai ser bem-sucedido, fazer diferença no mundo. A que se casa, que vai ser para sempre, que o amor é de verdade e melhor que o da maioria. A futura mamãe tem que ter a chance de só olhar o lado bom da maternidade, para que o amor nasça forte, e as dificuldades sejam superadas quando e se surgirem.
Deixem os esperançosos curtirem esse estado natural e feliz de boa vontade. Depois, se eles tiverem más experiências e quiserem conversar, aí, sim, troque experiências, para eles saberem que é difícil para todo mundo. Mas não contamine quem é puro de coração. Tem hora que a melhor coisa é calar a boca e comemorar como se não soubesse do outro lado da moeda.

Nenhum comentário:

Postar um comentário