sábado, 25 de abril de 2015

Inverso

Também existe poesia
Em deixar o amor morrer
Em reconhecer
Que o prazo de validade foi atingido
E insistir é pedir prá sofrer
Deixá-lo perder-se na multidão
Com ou sem despedida formal
Agir como se fosse só mais um dia
Em que a saudade não mais existe
Até que ela realmente parte
Às vezes cabe discurso de agradecimento
Às vezes acontece um suspiro de alívio
Às vezes lágrima, às vezes, sorriso
Pode virar história para contar e rir
Ou ter sido lição amarga de se aprender
A evolução pode ser previsível
Para amizade, indiferença ou sociedade
Gosto de queria mais
Ou sentimento bem resolvido, superado
Mas surpresas também acontecem
E a gente vê um lado
Que era muito bem escondido e disfarçado
Às vezes o fim do amor
É o começo de uma história mais feia
Mas como o verão se transforma em outono
Depois inverno, primavera
Não é porque mudou
Que não existiu
Não é porque morreu
Que não valeu
O tempo que respirou
Trazendo sofrimento ou não
Valendo o preço pago ou não
Também há poesia
Em deixar o amor morrer
Tanto quanto há
Em permiti-lo nascer

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